sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Peregrinação Diocesana a Fátima - 25 de Outubro 2014

«Nesta peregrinação – que abre solenemente o ano pastoral preparatório da celebração dos 40 anos da diocese – peçamos para a Diocese a graça da oração contemplativa para sentirmos no peito a luz de Deus. Então, seremos capazes de fazer memória feliz e agradecida do amor de Deus e, de viver a paixão de dar Cristo aos homens e às mulheres, aos jovens e às crianças, como Maria o deu aqui em Fátima. Ele é a fonte da alegria profunda que nada nem ninguém nos poderá roubar.»



Homilia do Sr. Bispo D. Gilberto na peregrinação da Diocese de Setúbal a Fátima

Em Fátima, Nossa Senhora visitou-nos, como um dia visitou a prima Isabel, para nos dar Jesus, fonte inesgotável de alegria. Felicito-vos por terdes vindo até junto de Maria e convido-vos a abrir-lhe a alma com o encanto dos pastorinhos, sobretudo da Jacinta e Francisco, já beatificados.
Saúdo cada um de vós que pelo baptismo fostes incorporados em Cristo, revestidos do Espírito e reunidos na Igreja de Deus e que estais no coração do nosso Deus. Bem vindos. Caros diocesanos e peregrinos.
Os pastorinhos, a quem a Senhora mais brilhante que o sol apareceu, eram crianças normais, rezavam pouco, cuidavam o rebanho mas gostavam mais de brincar, tinham medo. Depois das aparições tudo muda: rezam longos tempos, sacrificam-se por amor a Deus, não têm medo de morrer mesmo no azeite a ferver, suportam a doença por amor a Jesus...
Que aconteceu para provocar esta mudança profunda na sua vida?
Não foi o susto das aparições nem quaisquer promessas mundanas. Foi a luz de Deus que Nossa Senhora colocou no seu peito, no decorrer das aparições. Foi essa luz que os impressionou.
Lúcia diz, acerca desta luz: Maria abriu... as mãos, comunicando uma luz tão intensa..que, penetrando-nos no peito e no...íntimo da alma, nos fazia ver Deus, que era essa luz, mais claramente que nos vemos no melhor espelho. O Francisco diz: "o que mais gostei foi ver Nosso Senhor na luz que Nossa Senhora nos meteu no peito. Gosto tanto de Deus! Mas Ele está tão triste, por causa dos muitos pecados"(..) "estávamos a arder, na luz que é Deus e não nos queimávamos. Como é Deus!"
A luz que a Senhora pôs no seu coração, encantou-os e transformou-os. Mostrou-lhes Deus no Seu encanto, fez-lhes desejar o Céu, sentir a maldade do pecado, levou a Jacinta a rezar pelos pecadores e o Francisco a rezar muitos terços para ir para o Céu e para consolar Jesus!
A experiência do amor de Deus criou neles um amor tão grande a Deus que os abriu plenamente à Sua vontade. Assim, à pergunta de Nossa Senhora "quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos em reparação dos pecados com que é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?" responderam: 'sim queremos'.
Caros irmãos e irmãs,
A experiência do amor de Deus renova as pessoas. A conversão dos pastorinhos, a partir desta experiência, confirma o que a história ensina: quando Deus Se revela em todo o Seu amor, o homem renasce. Também o Papa – na carta que me enviou pela Secretaria de Estado com a bênção aos artistas Rão Kyao e Teresa Salgueiro em resposta à oferta ao Santo Padre, por estes artistas, de seus trabalhos discográficos, feitos em ligação com o nosso Seminário de Almada – diz assim: " A nossa alegria não vem (..) de possuirmos muitas coisas, mas de termos encontrado uma Pessoa -Jesus-que está no meio de nós (...) com Ele, nunca estamos sozinhos, até nos momentos difíceis..".
Caros irmãos na fé,
Na preparação dos 40 anos da Diocese, a nossa primeira atitude é de alegria e de acção de graças a Deus por nos ter “tocado o peito” com a luz do Seu amor neste tempo. Este amor imenso e belo tornou possível todo o bem e crescimento destes anos, reuniu-nos como Igreja feliz e fiel e tem gerado belos frutos de vida e de santidade a par de tantas realizações que conheceis bem.
Conscientes do amor de Jesus que nos precede e envolve, queremos no curso do ano descobri-lo melhor e descobrir pessoas, instituições e obras que dele brotaram, que O revelam e, diante das quais, queremos dizer com Maria: “a minha alma engrandece o Senhor...”.
Caros peregrinos,
O amor de Deus sempre precede e envolve o cristão. A experiência deste amor, na fé viva, é essencial na vida cristã. Se está forte tudo se alcança, se está débil tudo se complica. Por isso, para sermos Igreja da alegria e da evangelização, pedi comigo à Mãe do Céu que, como na visitação, acenda no coração de cada diocesano – fiel leigo, clérigo ou religioso – a luz do amor de Jesus.
Envolvidos neste amor, conseguiremos dar a Deus, com os pastorinhos, um “sim” decidido, mesmo que implique grandes sacrifícios: os sacrifícios necessários para abrirmos o coração ao amor de Jesus, para
nos tornarmos discípulos missionários, evangelizadores com Espírito, Igreja em saída e capaz de mudar o que for necessário para sermos fiéis ao Evangelho.
Por isso, pedimos à Mãe do Céu que ponha em nós a luz do amor de Jesus, como fez aos pastorinhos, para apostarmos corajosamente na catequese dos adultos, na formação dos catequistas, na iniciação cristã exigente e cativante, no acompanhamento dos jovens. Pedimos esta luz para que tenhamos sede da Palavra divina e para que a missa dominical nos una a Cristo que comungamos, ilumine a vida da semana e nos reúna como família de Deus. Pedimos esta luz para acolhermos com a atenção de Jesus os que nos contactam e para ir ao encontro de quem busca a esperança.
Pedimos à Mãe do Céu o amor de Cristo para que brilhe em nós e para melhorarmos os nossos muitos e belos serviços de caridade, através de maior aposta no envolvimento de toda a comunidade, no trabalho em rede, na escolha e formação dos vários agentes, na cultura da espiritualidade cristã e no bom acolhimento a cada pessoa. Tudo isto para crescermos na arte de escutar bem o pobre, de o integrar plenamente na comunidade e de sensibilizar o povo de Deus para a urgência de conhecer, pôr em prática e divulgar o rico e actual ensinamento social da igreja.
Pedimos à Mãe do Céu a luz divina necessária para viver a alegria nas crises; para superar as queixas lamurientas, a maledicência e a rotina pastoral; para ser um só coração e uma só alma; para sermos alma cristã da Península de Setúbal e ricos na vocação laical, religiosa e sacerdotal.
Pedimos à Mãe do Céu a luz divina para detestar e combater o pecado e para rezar pelos pecadores; para tornar as famílias lugar onde germina e cresce a vida e o amor, lugar e escola de comunhão, de alegria, de oração e de evangelização e para aprender a acolher os casais em rotura; para nos tornarmos comunidades onde cada um se sinta acolhido e acolha bem e para que nos sintamos enviados a participar na construção duma sociedade mais justa e fraterna.
Caros diocesanos,
Do que mais precisamos é desta luz que Nossa Senhora meteu no peito dos pastorinhos e que os santificou. E precisamos de a pedir sem cessar porque Deus, embora a queira dar a todos, raras vezes a dá de forma extraordinária como aos pastorinhos.
Como acolher, então, a luz divina que não queima mas que encanta e tudo renova?
Acolhe-se desejando-a, pedindo-a com insistência e pondo-se a jeito de a receber. O sol entra em casa se abrirmos as janelas. A luz de Deus entrará em nós se abrirmos as janelas do nosso coração; entrará, se orarmos com Maria e os pastorinhos no silêncio orante, diante de Jesus escondido. Quem reza assim, irá descobrir na vida, por vezes negra como a noite, que o Deus bom está a sorrir-lhe e dizer-lhe: estou aqui e amo-te, nada te roubará a alegria!
Rezemos bem. Rezemos o terço, como Nossa Senhora pediu. Passemos mais tempo com Jesus escondido no sacrário e na Sua Palavra e tocaremos Deus na escuridão da vida como é dito no testemunho enviado à mãe pelo jornalista James Foley, executado pelos jiadistas:"Rezo por vós, para que sejam fortes e acreditem. Sinto que, ao rezar, vos consigo tocar mesmo nesta escuridão".
Nesta peregrinação – que abre solenemente o ano pastoral preparatório da celebração dos 40 anos da diocese – peçamos para a Diocese a graça da oração contemplativa para sentirmos no peito a luz de Deus. Então, seremos capazes de fazer memória feliz e agradecida do amor de Deus e, de viver a paixão de dar Cristo aos homens e às mulheres, aos jovens e às crianças, como Maria o deu aqui em Fátima. Ele é a fonte da alegria profunda que nada nem ninguém nos poderá roubar.
 
Ó Maria, virgem e Mãe,
ao visitares a tua prima Isabel
– grávida da presença de Jesus –
fizeste exultar de alegria João Baptista, no seio de sua mãe,
ao pressentir o Salvador
e, cheia de alegria, cantaste as maravilhas do Senhor.
Ó Maria, que nos visitastes neste lugar,
que encheste de luz o peito dos pastorinhos,
e que sois nossa padroeira sob a invocação de Santa Maria da Graça,
fazei-nos sentir a presença e a alegria de Jesus Ressuscitado
já nesta celebração e ao longo do ano, tão intensamente,
para que sejamos capazes de viver este ano pastoral
preparatório dos 40 anos da Diocese
sob o lema “Setúbal, com Maria, alegra-te e evangeliza”.
Ámen.

+ Gilberto, Bispo de Setúbal

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Criacção da Diocese de Setúbal: Bula "Studentes Nos"

 
Paulo, Bispo, servo do servo de Deus. Para perpetuar a memoria. 
Em virtude da missão apostólica de que estamos incumbidos e procurando não descorar nada do que possa do que possa ser mais útil e de maior bem para os fieis de Cristo, julgamos dever anuir aos desejos dos nossos veneráveis dos irmãos António Ribeiro, Cardeal da Santa Igreja Romana, Patriarca de Lisboa, David de Sousa, Arcebispo de Évora, e Manuel do Santos Rocha, Bispo de Beja os quais, seguindo o parecer da Conferencia Episcopal Portuguesa. Rogaram a esta fé Apostólica a fundação de uma nova diocese a partir de alguns territórios pertencentes às sua Igrejas. Depois de ouvir o nosso venerado irmão José Maria Sensi, Bispo Titular de Sardes e  Núncio Apostólico em Portugal, assentamos em quando segue: Do Patriarcado de Lisboa separamos o território da região pastoral de Setúbal, excepto o Monumento a Cristo-Rei e o Seminário, ambos na cidade de Almada, os quais continuam a pertencer ao mesmo Patriarcado, enquanto outra coisa não, fôr determinada; da diocese de Évora separamos as paróquias de  Canha, Pegões e Santo Isidro, pertencentes ao concelho de  Montijo, e a paroquia de Comporta, no concelho de Alcácer do Sal, finalmente, da diocese de Beja separamos parte do território da Paroquia de Melides chamada Ponta de Tróia, pertencentes ao concelho de Grândola. Com estes territórios  assim  reunidos constituímos a nova Diocese, que se chamara DIOCESE DE SETÚBAL, e cuja a sede  será na cidade de Setúbal. A sede do magistério Episcopal estará no templo  da mesma cidade consagrado a Deus em honra de Santa Maria das Graças, que será tido como Sé Catedral, com os respectivos direitos. Ao seu bispo impomos as obrigações próprias do bispos residenciais. Tornamos a diocese de Setúbal e o seu bispo sufragâneos da Igreja de Lisboa e do seu Patriarcado. Constituirão a mesa episcopal os emolumentos da Cúria, os dinheiros espontaneamente oferecidos pelos fieis, os bens que lhe advenham conforme  a norma do cânon 1500 do Código de Direito Canónico. Enquanto, por meio de outra Bula, se não constituir um colégio de Cónegos, nomeiem-se Consultores Diocesanos. Quanto ao governo e administração da diocese, à eleição do Vigário Capitular e assuntos do mesmo género, observem-se igualmente as normas canónicas. No que se refere ao Seminário e à Educação sacerdotal dos alunos atenda-se aos sagrados Cânones, às normas do decreto do Concilio Vaticano II "Optatam Totius" e às regras peculiares da  Sagrada Congregação para a Educação Católica. Quanto ao clero estabelecemos que, uma vez entrada em vigor esta Carta Apostólica, os sacerdotes fiquem adescritos à Igreja em cujo território tenham ofício ou beneficio; os outros clérigos e os alunos do Seminário, àquele em que legitimamente residem.
Finalmente, todos os documentos relativos à nova diocese sejam transferidos das Cúrias de Lisboa, Évora e Beja para a de Setúbal, ara ai  sejam religiosamente arquivados. Tudo o que acabamos de prescrever seja executado pelo venerando  irmão José Maria Sensi, já referido, ou por um sacerdote seu delegado, o qual há-de exarar e enviar, como de costume, à Sagrada Congregação dos  Bispos os respectivos documentos. Queremos que esta Carta seja tida como autêntica, no presente e no futuro, sem que nada obste em contrario.

Dado em Roma, em São Pedro, no dia dezasseis do mês de Julho do ano do Senhor de mil novecentos e setenta e cinco, décimo terceiro do nosso Pontificado.
João, Cardeal Villot, Secretário de Estado

José Rossi, Bispo de Palmira Decano dos Protonotários Apostólicos

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Um pouco sobre a Diocese...

DIOCESE DE SETÚBAL
 
Fundação
A Diocese de Setúbal é uma das vinte divisões eclesiásticas da Igreja Portuguesa. Criada a 16 de Julho de 1975 pela Bula Studentes Nos do Papa Paulo VI, a Diocese de Setúbal teve como primeiro Bispo, o seu atual Bispo Emérito D. Manuel da Silva Martins. Na data da sua fundação a Diocese de Setúbal coincidia praticamente com a Região Pastoral de Setúbal, já formada no Patriarcado de Lisboa a 29 de Maio do ano de 1966.

População
A Diocese de Setúbal tem uma população de, aproximadamente, 720.000 habitantes. Segundo o censo do ano de 2001, 508.053 habitantes (70,8%) declararam-se católicos; 155 judeus; 1835 muçulmanos; 1249 praticantes de religiões não cristãs; 179.397 (25%) não responderam ou declararam não professar qualquer religião. Mais de um quarto desta população (28,32%) tem menos de 25 anos e apenas 19,28% tem mais de 65 anos. A franja etária maioritária é a dos 25 aos 64 anos (57,07%), sendo esta percentagem, ao contrário das outras duas, superior à média nacional. A taxa de natalidade é de 1,21% (ligeiramente superior à taxa nacional: 1,1%). A taxa de mortalidade é de 9,5%, sendo o índice de envelhecimento de 94,2% (inferior ao índice nacional: 105,5%).
 
 
Território
O território da Diocese de Setúbal tem uma superfície de aproximadamente 1.500 km2, abrangendo 9 dos 13 concelhos do distrito de Setúbal: Alcochete, Almada, Barreiro, Moita, Montijo, Palmela, Seixal, Sesimbra, Setúbal e ainda três parcelas territoriais que integram a paróquia da Comporta (freguesia de Comporta, uma parcela da freguesia Santa Maria do Castelo, ambas pertencentes ao concelho de Alcácer do Sal; e Tróia, pertencente à freguesia de Carvalhal, concelho de Grândola).

Pastoral
Pastoralmente a Diocese de Setúbal, subdivide-se em sete vigarias forâneas: Almada, Barreiro-Moita, Caparica, Montijo, Palmela-Sesimbra, Seixal e Setúbal que envolvem um total de cinquenta e sete Paróquias ou comunidades equiparadas ("quasi-paróquias").
 
 
Bispo Diocesano

D. Gilberto Délio Gonçalves Canavarro dos Reis, nasceu a 27 de Maio de 1940 em Barbadães de Baixo, Freguesia de Vreia de Bornes, Concelho de Vila Pouca de Aguiar, Distrito e Diocese de Vila Real. Foi ordenado presbítero a 21 de Setembro de 1963 na Sé de Vila Real.
Nomeado Bispo Auxiliar do Porto a 16 de Novembro de 1988, por João Paulo II com o título de Elephantaria in Mauretania, foi ordenado a 12 de Fevereiro de 1989, na Igreja Matriz de Chaves. A 23 de Abril de 1998 foi nomeado Bispo de Setúbal, tomando possa a 21 de Julho de 1998.

Bispo Emérito
D. Manuel da Silva Martins, nasceu a 20 de Janeiro de 1927 em Leça do Balio, Freguesia de Leça do Balio, Concelho de Matosinhos, Distrito e Diocese do Porto. Foi ordenado presbítero a 12 de Agosto de 1951 na Igreja Matriz de Santo Tirso.
Nomeado para primeiro Bispo de Setúbal a 16 de Julho de 1975, por Paulo VI, foi ordenado a 26 de Outubro desse mesmo ano, na Igreja de Santa Maria da Graça, Sé de Setúbal. A 23 de Abril de 1998, João Paulo II aceitou a sua resignação como Bispo de Setúbal.