Celebração de Crismas presidida pelo D. Manuel Martins na Paróquia da Amora, a 21 de Junho de 1986. |
A pedido do P. Rui Gouveia vou
tentar fazer a retrospectiva destes 40 anos que vivi na Diocese de Setúbal, mais
precisamente na Paróquia de Amora.
Quando aqui cheguei, fez há
pouco 39 anos, encontrei uma realidade bem diferente daquela que vivia em
Lisboa, pois estava numa paróquia grande, bem organizada e bem definida.
Aqui, em Amora, encontrei uma
Paróquia pequena com poucos paroquianos e poucas dinâmicas e uma Diocese a dar
os primeiros passos.
O que recordo e o que fui
acompanhando:
CATEQUESE
Lembro-me de, com a Ir. Ilda
Fontoura, se ter formado o Secretariado Diocesano da Catequese, talvez por
volta dos anos 80.
Com a sua formação deu-se o
início dos Cursos para a Formação dos Catequistas. Primeiro os Cursos de
Formação Básica e depois os Cursos Elementares.
Em vários deles participei,
primeiro como formanda e mais tarde como participante / formadora.
Também, anualmente foram
iniciadas, creio que por volta dos anos 90 as Acções e Formação para Animadores
de Adolescentes, mas agora já com a Ir. Matilde Morgado, que veio dirigir o
Secretariado, substituindo a Ir. Ilda.
Tudo isto tem vindo a ter um
crescendo sempre com a bênção do Sr. Bispo e sob a coordenação da Ir. Zélia,
que substituiu a Ir. Matilde e agora com o P. Rui Gouveia, que é quem
presentemente colabora.
Qual tem foi até hoje mais
dedicado, é difícil dizê-lo, porque cada um imprimiu a sua realidade numa
dinâmica muito pessoal, mas sempre com a preocupação de fazer da Catequese
Diocesana algo que dignifique a Igreja de Setúbal.
Testemunhei, ao longo destes
anos, o aumento quantitativo assim como qualitativo da nossa Catequese e dos nossos
Catequistas, tanto a nível Diocesano como Paroquial.
Tem vindo a ser um crescente
pois com qualquer dos nossos Bispos, quer com D. Manuel Martins quer com D.
Gilberto, a catequese tem sido acarinhada e privilegiada na sua caminhada.
Creio que ambos têm, com a
graça de Deus, a mesma intuição sobre a catequese que tinha já há mais de 100
anos atrás o Bispo Beato João Baptista Scalabrini, que foi nomeado pelo Papa
Pio X, em 1877, Apóstolo da Catequese, com as seguintes palavras:
«Hoje, tem-se
bastante cuidado com o segundo andar dos edifícios, mas bem pouco se olha para
o primeiro andar, que é o mais importante. A catequese é justamente o
fundamento onde se deve apoiar toda a pregação e toda a acção pastoral.
Salva-se a sociedade com uma boa catequese! Por isso, como prova de nossa
identidade de pontos de vista, oferecemos a cruz peitoral a Dom Scalabrini, e
apresentamo-lo como o Apóstolo da Catequese!»
Também o Senhor nos concedeu,
na pessoa dos nossos Bispos, essa preocupação, que é simultaneamente um dom e
uma graça: o constante e crescente cuidado com a Catequese, com a formação de
catequistas, com o seu acompanhamento.
E, não sendo tarefa fácil é, no
entanto, tarefa de que se tem visto os bons frutos.
Tem sido um crescer em
qualidade e um despertar para que a missão da Catequese seja algo cada vez mais
exigente.
Os catequistas têm percebido,
que embora vivam uma missão em resposta a um chamamento pessoal, não a podem
viver individualmente nem de modo displicente, mas num empenhamento de
testemunho cada vez mais firme e fiel a Jesus e ao seu Evangelho.
Na Paróquia de Amora de uma
Missa ao fim de semana, quando aqui cheguei temos hoje nove celebrações da
Santa Missa.
Na Catequese havia um número
muito reduzido quer de catequizandos quer de catequistas. Hoje, estando embora
num período mais reduzido em número, devido à muita migração provocada por esta
última crise, temos ainda na nossa catequese um pouco mais de 800 catequizandos
e quase 80 catequistas.
O ano em que tivemos um número
mais elevado foi no ano catequético de 2001/2002 com 1215 catequizandos e 110
catequistas, tendo-se assim quase mantido até 2012.
Na Paróquia de Amora, pelo
número crescente de catequistas, sentiu-se a necessidade de um Curso de
Iniciação anual, pois apercebemo-nos que quando os cursos eram noutras
paróquias era muito difícil a deslocação dos catequistas. E, algo que muito
preocupante era ver catequistas, cheios de boa vontade, mas sem a mínima
preparação a dar catequese. O importante não é dar catequese mas ser
catequista. E, para ser catequista é necessário ter formação.
Assim, em 1987, com autorização
da Diocese, iniciámos em Amora um trabalho nesse sentido: formámos uma Equipa
de três pessoas e avançámos para levar a cabo o Curso de Iniciação, que desde
essa altura tem sido anualmente feito. Este ano foi o 27º ano consecutivo.
A participação é sempre
bastante numerosa, com uma média de 30/40 participantes cada ano.
Nos últimos anos o Curso tem
estado aberto às outras paróquias que queiram participar. É feito em horário
pós-laboral de 2ª a sábado, 3h em cada noite.
PASTORAL JUVENIL
Era uma realidade quase
incipiente, aqui na Paróquia de Amora, de modo que, com um certo sentir
egoísta, pensei: “após a celebração da Confirmação para onde encaminhar os meus
filhos?”.
E, foi a partir desse
pensamento, um pouco egoísta, que surgiu algo de belo e duradouro na Paróquia:
o Grupo de Jovens Exodus, que iniciou em 1978 a sua caminhada e a terminou apenas em
2011.
Outros grupos paroquiais
surgiram, como o “Nós e Tu”; o “Fénix”; o “Quo Vadis”; o “Jovens a Caminho”,
mas foi na verdade o Exodus aquele que marcou mais fortemente a Paróquia de
Amora e sem dúvida durante mais tempo.
Nas outras Paróquias havia grupos próprios de cada uma delas, o que levou a formar-se uma Equipa Vicarial Juvenil.
Essa formação teve como autor o
Padre Ezio Ragnoli, Scalabriniano, sacerdote da Congregação dos Missionários de
S. Carlos ou Scalabrinianos, que estava em Amora para a Pastoral Vocacional da
sua Congregação.
Assim, no Seminário Scalabrini
de Amora, foram feitos ao longo de vários anos, encontros dos vários grupos de
Jovens da Vigararia do Seixal, com a denominação de “Noite de Espiritualidade”.
Eram escolhidos momentos
importantes e significativos da caminhada celebrativa em Igreja, como Advento,
Natal, Quaresma, Páscoa, Pentecostes...
INÍCIO DO FESTIVAL DA CANÇÃO JOVEM DO SEIXAL
O Festival da Canção Jovem
Cristã iniciou-se na Vigararia do Seixal também por proposta e iniciativa do
Padre Ezio Ragnoli, que na altura era o sacerdote que estava encarregado e
responsável pela Pastoral Juvenil Paroquial de Amora e pela Pastoral Vicarial do
Seixal.
Acompanhava os Jovens nas suas
actividades e nos seus Encontros de Oração.
Aconteceu, que por contactos
que esse sacerdote teve a nível do Patriarcado de Lisboa, soube do Festival da
Canção Jovem Cristã, que se ia realizar no Estoril, na Paróquia de S. João do
Estoril e inscreveu nesse Festival, o Grupo de Jovens Exodus, da Paróquia de
Amora. Neste Festival o Grupo Exodus participou por 3 vezes (1982 + 1985 +
1987).
Assim, surgiu-lhe a ideia: “porque
não fazer o mesmo aqui na nossa Vigararia?”
Colocou a sugestão na reunião
Vicarial, a qual foi aceite por todos os jovens que faziam parte da Equipa
Vicarial da Pastoral Juvenil e assim em Maio de 1989 o 1º Festival da Canção
Jovem Cristã da Vigararia do Seixal, teve lugar.
Os primeiros festivais foram muito renhidos, mas era uma expressão muito
bonita do potencial juvenil que existia nas paróquias. O objectivo foi alargá-lo
a todas as paróquias para que fosse um instrumento eficaz ao serviço de uma
pastoral juvenil dinâmica e “inculturada” na cultura juvenil, tal como a Diocese
solicitava às Vigararias.
O Festival descobriu novos talentos e através dele alguns jovens iniciaram
carreira a solo e outros integraram companhias de teatro musical. O Festival
contribuiu para uma maior aproximação das paróquias e maior comunhão e amizade
entre os jovens das paróquias e outros jovens: amigos e colegas de escola. Era
uma festa entre jovens e entre os jovens e seus familiares que faziam questão
de participar naquele serão de evangelização. O Festival criou as condições
naturais para que a nossa Diocese pudesse estar, pela primeira vez,
representava no Festival Nacional da Canção Cristã por ocasião do Fátima Jovem.
Fui um grupo da Vigararia do Seixal que representou a Diocese.
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