sábado, 24 de outubro de 2015

MEMÓRIAS DOS QUARENTA ANOS DA DIOCESE DE SETÚBAL

Celebração de Crismas presidida pelo D. Manuel Martins na Paróquia da Amora, a 21 de Junho de 1986.

A pedido do P. Rui Gouveia vou tentar fazer a retrospectiva destes 40 anos que vivi na Diocese de Setúbal, mais precisamente na Paróquia de Amora.

Quando aqui cheguei, fez há pouco 39 anos, encontrei uma realidade bem diferente daquela que vivia em Lisboa, pois estava numa paróquia grande, bem organizada e bem definida.
Aqui, em Amora, encontrei uma Paróquia pequena com poucos paroquianos e poucas dinâmicas e uma Diocese a dar os primeiros passos.

O que recordo e o que fui acompanhando:


CATEQUESE

Lembro-me de, com a Ir. Ilda Fontoura, se ter formado o Secretariado Diocesano da Catequese, talvez por volta dos anos 80.
Com a sua formação deu-se o início dos Cursos para a Formação dos Catequistas. Primeiro os Cursos de Formação Básica e depois os Cursos Elementares.
Em vários deles participei, primeiro como formanda e mais tarde como participante / formadora.
Também, anualmente foram iniciadas, creio que por volta dos anos 90 as Acções e Formação para Animadores de Adolescentes, mas agora já com a Ir. Matilde Morgado, que veio dirigir o Secretariado, substituindo a Ir. Ilda.

Tudo isto tem vindo a ter um crescendo sempre com a bênção do Sr. Bispo e sob a coordenação da Ir. Zélia, que substituiu a Ir. Matilde e agora com o P. Rui Gouveia, que é quem presentemente colabora.

Qual tem foi até hoje mais dedicado, é difícil dizê-lo, porque cada um imprimiu a sua realidade numa dinâmica muito pessoal, mas sempre com a preocupação de fazer da Catequese Diocesana algo que dignifique a Igreja de Setúbal.

Testemunhei, ao longo destes anos, o aumento quantitativo assim como qualitativo da nossa Catequese e dos nossos Catequistas, tanto a nível Diocesano como Paroquial.
Tem vindo a ser um crescente pois com qualquer dos nossos Bispos, quer com D. Manuel Martins quer com D. Gilberto, a catequese tem sido acarinhada e privilegiada na sua caminhada.
Creio que ambos têm, com a graça de Deus, a mesma intuição sobre a catequese que tinha já há mais de 100 anos atrás o Bispo Beato João Baptista Scalabrini, que foi nomeado pelo Papa Pio X, em 1877, Apóstolo da Catequese, com as seguintes palavras:
«Hoje, tem-se bastante cuidado com o segundo andar dos edifícios, mas bem pouco se olha para o primeiro andar, que é o mais importante. A catequese é justamente o fundamento onde se deve apoiar toda a pregação e toda a acção pastoral. Salva-se a sociedade com uma boa catequese! Por isso, como prova de nossa identidade de pontos de vista, oferecemos a cruz peitoral a Dom Scalabrini, e apresentamo-lo como o Apóstolo da Catequese!»

Também o Senhor nos concedeu, na pessoa dos nossos Bispos, essa preocupação, que é simultaneamente um dom e uma graça: o constante e crescente cuidado com a Catequese, com a formação de catequistas, com o seu acompanhamento.
E, não sendo tarefa fácil é, no entanto, tarefa de que se tem visto os bons frutos.
Tem sido um crescer em qualidade e um despertar para que a missão da Catequese seja algo cada vez mais exigente.
Os catequistas têm percebido, que embora vivam uma missão em resposta a um chamamento pessoal, não a podem viver individualmente nem de modo displicente, mas num empenhamento de testemunho cada vez mais firme e fiel a Jesus e ao seu Evangelho.

Na Paróquia de Amora de uma Missa ao fim de semana, quando aqui cheguei temos hoje nove celebrações da Santa Missa.
Na Catequese havia um número muito reduzido quer de catequizandos quer de catequistas. Hoje, estando embora num período mais reduzido em número, devido à muita migração provocada por esta última crise, temos ainda na nossa catequese um pouco mais de 800 catequizandos e quase 80 catequistas.
O ano em que tivemos um número mais elevado foi no ano catequético de 2001/2002 com 1215 catequizandos e 110 catequistas, tendo-se assim quase mantido até 2012.

Na Paróquia de Amora, pelo número crescente de catequistas, sentiu-se a necessidade de um Curso de Iniciação anual, pois apercebemo-nos que quando os cursos eram noutras paróquias era muito difícil a deslocação dos catequistas. E, algo que muito preocupante era ver catequistas, cheios de boa vontade, mas sem a mínima preparação a dar catequese. O importante não é dar catequese mas ser catequista. E, para ser catequista é necessário ter formação.
Assim, em 1987, com autorização da Diocese, iniciámos em Amora um trabalho nesse sentido: formámos uma Equipa de três pessoas e avançámos para levar a cabo o Curso de Iniciação, que desde essa altura tem sido anualmente feito. Este ano foi o 27º ano consecutivo.
A participação é sempre bastante numerosa, com uma média de 30/40 participantes cada ano.
Nos últimos anos o Curso tem estado aberto às outras paróquias que queiram participar. É feito em horário pós-laboral de 2ª a sábado, 3h em cada noite.


PASTORAL  JUVENIL

Era uma realidade quase incipiente, aqui na Paróquia de Amora, de modo que, com um certo sentir egoísta, pensei: “após a celebração da Confirmação para onde encaminhar os meus filhos?”.
E, foi a partir desse pensamento, um pouco egoísta, que surgiu algo de belo e duradouro na Paróquia: o Grupo de Jovens Exodus, que iniciou em 1978 a sua caminhada e a terminou apenas em 2011.
Outros grupos paroquiais surgiram, como o “Nós e Tu”; o “Fénix”; o “Quo Vadis”; o “Jovens a Caminho”, mas foi na verdade o Exodus aquele que marcou mais fortemente a Paróquia de Amora e sem dúvida durante mais tempo.

Nas outras Paróquias havia grupos próprios de cada uma delas, o que levou a formar-se uma Equipa Vicarial Juvenil.
Essa formação teve como autor o Padre Ezio Ragnoli, Scalabriniano, sacerdote da Congregação dos Missionários de S. Carlos ou Scalabrinianos, que estava em Amora para a Pastoral Vocacional da sua Congregação.
Assim, no Seminário Scalabrini de Amora, foram feitos ao longo de vários anos, encontros dos vários grupos de Jovens da Vigararia do Seixal, com a denominação de “Noite de Espiritualidade”.
Eram escolhidos momentos importantes e significativos da caminhada celebrativa em Igreja, como Advento, Natal, Quaresma, Páscoa, Pentecostes...


INÍCIO  DO  FESTIVAL  DA  CANÇÃO  JOVEM  DO  SEIXAL

O Festival da Canção Jovem Cristã iniciou-se na Vigararia do Seixal também por proposta e iniciativa do Padre Ezio Ragnoli, que na altura era o sacerdote que estava encarregado e responsável pela Pastoral Juvenil Paroquial de Amora e pela Pastoral Vicarial do Seixal.

Acompanhava os Jovens nas suas actividades e nos seus Encontros de Oração.
Aconteceu, que por contactos que esse sacerdote teve a nível do Patriarcado de Lisboa, soube do Festival da Canção Jovem Cristã, que se ia realizar no Estoril, na Paróquia de S. João do Estoril e inscreveu nesse Festival, o Grupo de Jovens Exodus, da Paróquia de Amora. Neste Festival o Grupo Exodus participou por 3 vezes (1982 + 1985 + 1987).

Assim, surgiu-lhe a ideia: “porque não fazer o mesmo aqui na nossa Vigararia?”
Colocou a sugestão na reunião Vicarial, a qual foi aceite por todos os jovens que faziam parte da Equipa Vicarial da Pastoral Juvenil e assim em Maio de 1989 o 1º Festival da Canção Jovem Cristã da Vigararia do Seixal, teve lugar.

Os primeiros festivais foram muito renhidos, mas era uma expressão muito bonita do potencial juvenil que existia nas paróquias. O objectivo foi alargá-lo a todas as paróquias para que fosse um instrumento eficaz ao serviço de uma pastoral juvenil dinâmica e “inculturada” na cultura juvenil, tal como a Diocese solicitava às Vigararias.
O Festival descobriu novos talentos e através dele alguns jovens iniciaram carreira a solo e outros integraram companhias de teatro musical. O Festival contribuiu para uma maior aproximação das paróquias e maior comunhão e amizade entre os jovens das paróquias e outros jovens: amigos e colegas de escola. Era uma festa entre jovens e entre os jovens e seus familiares que faziam questão de participar naquele serão de evangelização. O Festival criou as condições naturais para que a nossa Diocese pudesse estar, pela primeira vez, representava no Festival Nacional da Canção Cristã por ocasião do Fátima Jovem. Fui um grupo da Vigararia do Seixal que representou a Diocese.

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