Catequistas do Curso Geral de Catequese, Vigararia de Almada |
Em outubro de 1978, 4 anos depois
do 25 de abril ter mudado Portugal e 3 anos após a criação da Diocese de Setúbal,
comecei a dar catequese. Com medo, mas com entusiasmo, iniciei a missão que
Jesus e a sua Igreja me confiavam. Fiquei com um grupo de meninos do 1º
catecismo (meninos esses que hoje rondam os 40 anos de idade). Com o entusiasmo
que caracteriza qualquer nova atividade, participava em todos os encontros e
formações. Foi assim que fui ao meu primeiro Encontro Diocesano de Catequistas.
Foi no Barreiro, no salão do Colégio Diocesano. Era então o Secretário Diocesano
da Catequese o Padre Álvaro Teixeira. Eramos muitos e quase todos jovens. Fazer
parte de um tão grande grupo de gente que, como eu, se comprometia a participar
na formação religiosa e humana dos mais pequenos, era fantástico. Se juntarmos
a este facto o sabor de estar a ajudar a construir uma Diocese, a fazer de
Setúbal algo independente e único, era completamente arrebatador. Se a memória
não me atraiçoa foi nesse encontro, ou noutro um pouco mais tarde, que conheci,
ainda só a vendo ao longe, uma mulher que foi decisiva na minha história de
Igreja. Falo da (então) Irmã Ilda Fontoura. Recordo-me que quando começou o ano
catequético de 1983 soube que ia haver um estágio de catequese na minha
paróquia. Não tendo feito o curso geral (começara a dar aulas no ano letivo
anterior em Beja) não ia naturalmente frequentar o estágio. Mas Deus tem
caminhos que não são os nossos. Alguém desistiu do estágio e a Irmã Ilda (a
orientadora deste núcleo) perguntou a uma catequista estagiária da minha
paróquia (a minha querida e saudosa Cilinha que já está no céu) se haveria
alguém em Almada que, sem ter feito o Curso Geral, pudesse aproveitar esta
oportunidade. A Cilinha terá respondido: “Só vejo a Isabel Rosendo”. E assim
entrei no estágio. E depois do estágio (um ano lindo que nunca esqueci) a mesma
Irmã Ilda convidou-me para dar a catequese dos Cursos de Preparação Básica
(assim se chamavam os Cursos de Iniciação de então) que partia do profeta
Jeremias e do “Seduziste-me, Senhor e eu deixei-me seduzir”. Assim comecei a
participar na formação de catequistas da nossa Diocese. Não mais parei até
hoje. Depois da Irmã Ilda tomou posse como responsável do secretariado
diocesano de Setúbal a Irmã Matilde Morgado. Com ela e uma equipa fantástica de
gente que guardo no meu coração e na minha memória, adaptámos uma formação para
catequistas lecionada em França e criámos o “A Alegria de ser Catequista”, um
curso que dividimos em três anos (nível 1, 2 e 3). Com eles percorremos toda a Diocese.
Demos o curso em Igrejas, em escolas, em infantários. Houve fins-de-semana em
que dávamos um tema de manhã numa Vigararia e à tarde noutra (na altura só
havia 5 Vigararias – Almada, Barreiro, Montijo, Seixal e Setúbal). Quando foram
lançados os “novos” catecismos (no início dos anos 90) encontrámo-nos todos em
Fátima, desejosos e expectantes, radiantes de um percurso novo que se iniciava.
Catequistas de todo o país aí estavam e lembro-me que senti a força da Igreja viva
e ativa reunida no, ainda recente, Centro Pastoral Paulo VI. São momentos
únicos na vida de uma pessoa e de uma Diocese.
Os anos foram passando. D.
Gilberto dos Reis substituiu D. Manuel Martins, a Irmã Zélia Aires assumiu o
cargo até então desempenhado pela Irmã Matilde Morgado, as vigararias
reformularam-se, nasceram muitas e novas paróquias, mas a preocupação com a
formação dos catequistas manteve-se e a minha colaboração nesse domínio também.
Passei a lecionar uma das cadeiras do curso Geral de Catequistas (Pedagogia da
Fé) e desde 2007/2008 que tenho orientado estágios de catequese, primeiro na
paróquia de S. Francisco Xavier no Monte de Caparica e depois na Paróquia de
Corroios.
Neste ano em que a nossa Diocese
faz 40 anos sinto-me profundamente agradecida a Deus Nosso Pai por me ter
chamado a colaborar na construção deste “pedaço” da sua Igreja, que amo e
respeito. Para mim, continua a ser uma emoção quando, no auditório da
Anunciada, me reúno com todos aqueles a quem a Igreja de Setúbal envia para
evangelizar os irmãos mais novos. Porque 36 anos depois de ter começado a dar
catequese continua viva em mim a imensa alegria de ser catequista.
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